o i. [7 anos] é o “meu” max deste ano, na escola. cativou-me rapidamente como me cativam sempre os que são incompreendidos, os que processam a realidade de forma diferente do usual ou têm dificuldade em se fazer ouvir.  temos grandes conversas [quase todas um bocadinho desconexas para quem está de fora]. conversas de quem tem muito para trocar e pouco tempo para o fazer. entro no universo dele de bom grado porque é ele que me pega pela mão e me convida a entrar. todos os dias seguimos caminho atrás da fila de meninos e meninas que vai para as aulas de música. esses 15 minutos são quase sempre os meus preferidos do dia todo. sim, por vezes mais que as aulas em si, são as pequenas coisas que me aquecem a alma.

ontem, ao passarmos por um prédio com a porta aberta…

i. – cheira a velhote.

eu – a velhote? e como é esse cheiro?

i. – cheira a cabelo branco. cheira a mistério de cabelo branco.

hoje, mais ou menos no mesmo sítio e completamente fora de contexto…

i. – o claude-monet e a clarice são namorados.

eu – são da tua turma? [não percebi logo, por causa da forma como articulou os nomes]

i. – o claude-monet foi um pintor famoso.

sorri e continuámos a falar de monet. contei-lhe que já vi quadros de monet em museus e ele olhou para mim e sorriu aquele sorriso de menino que tem um mundo inteiro na cabeça.